Fechamento do Restaurante Universitário (RU) do Campus Irati da Unicentro foi o principal motivo apontado para mudança na diretoria
Rodrigo Zub ( Najuá )


A semana foi marcada por uma grande discussão sobre as manifestações que desencadearam o fechamento do Restaurante Universitário (RU), do Campus Irati da Universidade Estadual do Centro-Oeste do Paraná (Unicentro). Principal articulador do movimento que solicitava melhorias no RU, a diretoria do Diretório Central dos Estudantes (DCE), foi destituída após uma reunião realizada na quarta-feira, 24.

Uma diretoria provisória foi formada para dar prosseguimento aos trabalhos do DCE. Ela terá a função de convocar e marcar a data da eleição para escolha dos novos membros que vão administrar o diretório.

A discordância de pensamento entre os alunos foi tão grande que o próprio presidente do DCE, Totty Junior, renunciou ao cargo. O acadêmico relatou em uma carta postada nas redes sociais, que não concordava com algumas atitudes de membros da diretória. Ele afirmou que algumas manifestações trouxeram apenas problemas para os próprios alunos, como foi o caso do fechamento do RU. Totty ainda comentou que o diretório foi criado com intuito de lutar por melhorias na universidade. Segundo o estudante, os últimos acontecimentos desvirtuaram o foco da entidade representativa.

Membros do DCE defendem movimento

 Marcela, Nájila e Cristiane, membros do DCE da Unicentro - © Rodrigo Zub
A mudança na diretoria do DCE aconteceu algumas horas depois que foi veiculada no “Meio Dia em Notícias”, uma entrevista com as estudantes, Nájila Cristina Camargo, Marcela Pereira Rosa e Cristiane Mehl, que fazem parte do diretório. O trio argumentou que a principal reivindicação do movimento era que fosse implantada uma política de assistência estudantil na universidade. De acordo com Marcela, o DCE lutava em duas frentes: melhorar as condições do RU e ao mesmo tempo diminuir o valor das refeições. A estatização do restaurante era outro pedido dos estudantes.

“Não temos que se contentar com o que está ali. A gente reivindica melhoria na qualidade de todos os serviços prestados e a redução nos preços. Queremos um acesso maior até para se manter dentro da universidade”, disse Marcela. Sua colega no DCE, Nájila disse que os preços praticados no restaurante eram caros para uma universidade pública.

Refeições oferecidas

Conforme o edital de licitação era oferecido três tipos de refeições no RU. O prato feito custava R$ 3, a refeição por quilo R$ 12,50, e o prato livre R$ 7,50. Em conversa com a equipe da Najuá, o ex-administrador do RU, Jorge Lamezon, comentou que deixava os estudantes a vontade para fazer o prato. Em média, os pratos pesavam 750 gramas. De acordo com Jorge, eram oferecidas diversas opções de cardápio, certificadas por uma nutricionista, que atestava a qualidade dos alimentos.

Auxílio-refeição

Na semana passada foi anunciada uma lista de mais de 2 mil acadêmicos que serão beneficiados com auxílio-refeição. Em Irati, mais de 300 alunos terão direito ao subsídio de R$ 3 por refeição. Para Marcela, o subsídio é um benefício, mas não é uma assistência estudantil. Ela justifica seu posicionamento ao afirmar que o auxílio-refeição não é concedido para todos os acadêmicos.
“A assistência estudantil deve ser para todos desde uma pessoa que tem fusca até um carro novo”. Nájila disse que a taxa de evasão dos alunos é grande no primeiro ano de graduação em função da falta de assistência estudantil.

Críticas

Questionada sobre as críticas do diretor do Campus Irati, Edélcio Stroparo, que declarou seu descontentamento com alguns alunos, que na sua avaliação causaram o fechamento do RU, Nájila disse que o movimento não pode ser marginalizado. De acordo com ela, as manifestações do DCE foram decisivas para que o governo estadual concedesse auxílio-refeição para os alunos. Ela ainda comentou que as ações não foram isoladas. A estudante afirma que um grupo de alunos chegou a encaminhar uma solicitação para a Assembleia Legislativa do Paraná e também para o secretário de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Paraná, Alípio Leal, pedindo auxílio para subsidiar as refeições do RU.

“Queremos provar que o RU estatizado é um direito, não é mimo. Precisamos de uma igualdade entre os universitários para que eles possam se dedicar exclusivamente ao estudo. O movimento foi importante porque conseguiu inclusive unir os estudantes de Guarapuava e Irati, algo que nunca aconteceu”, confirma Nájila.

Advertisement

 
Top